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IA vs IA: a batalha pela cibersegurança

Written by gigas | 15/out/2024 13:39:25

Não há sector que não esteja a explorar as utilizações e aplicações da inteligência artificial. A sua capacidade de automatização e a sua versatilidade prometem transformar o mundo tal como o conhecemos, embora esta mudança seja introduzida gradualmente no mercado. A cibersegurança é um desses sectores onde a inteligência artificial já está a fazer uma diferença significativa. A análise de dados e a deteção de padrões são fundamentais nesta área, e a IA está a emergir como uma ferramenta poderosa tanto para a realização de ataques, como para a prevenção, rastreio e contenção desses ataques.

Neste artigo, exploramos a crescente batalha entre a IA ofensiva e defensiva no domínio da cibersegurança, analisando a forma como esta tecnologia pode ser utilizada tanto para realizar ataques como para se defender contra essas ameaças.

Importância da IA na cibersegurança

A integração da inteligência artificial na cibersegurança é vital no panorama atual. Com o aumento exponencial dos dados e a complexidade das ameaças, a Inteligência Artificial (IA) é uma estratégia indispensável para combater estas ameaças cada vez mais potentes. A IA tem a capacidade de analisar grandes volumes de informação em tempo real, identificar padrões anómalos e prever potenciais ameaças antes de estas se concretizarem.

Evolução da IA no domínio da cibersegurança

A inteligência artificial revolucionou  a cibersegurança, transformando a forma como as organizações detectam, respondem e antecipam as ciberameaças. A utilização da IA na cibersegurança passou por várias fases: inicialmente, a IA foi utilizada para tarefas de automatização simples, como a deteção de malware com base em assinaturas, mas, ao longo do tempo, as capacidades expandiram-se para sistemas mais sofisticados que utilizam a aprendizagem automática e a inteligência preditiva para identificar e atenuar ameaças complexas. 

 

Ameaças da IA

Tal como referido no início deste artigo, a mesma tecnologia que reforça as nossas defesas pode também ser uma arma poderosa se não for regulamentada e se não for utilizada corretamente. Algumas das principais ameaças colocadas por esta tecnologia incluem: 

Inteligência artificial ofensiva

A inteligência artificial ofensiva refere-se à utilização da IA para desenvolver e executar ciberataques. Estes ataques podem ir desde a criação de malware que se adapta automaticamente para evitar a deteção, até à engenharia social avançada que personaliza as mensagens de phishing para cada alvo. A IA ofensiva permite que os atacantes lancem campanhas mais rápidas e em grande escala com um nível de sofisticação que anteriormente não era possível.

Ciberataques com recurso a IA

Os ciberataques alimentados por IA são aqueles que utilizam algoritmos de aprendizagem automática e outras técnicas avançadas para melhorar a eficácia do ataque. Um exemplo claro é a utilização da IA para decifrar palavras-passe através da otimização de técnicas de força bruta, ou para analisar grandes conjuntos de dados roubados em busca de padrões úteis que possam ser explorados.

Exemplos de IA utilizada em ciberataques

  • Phishing altamente personalizado: A IA pode analisar grandes quantidades de dados pessoais de uma vítima para criar mensagens electrónicas de phishing extremamente convincentes. Por exemplo, pode utilizar informações das redes sociais para personalizar a mensagem e aumentar a probabilidade de a vítima clicar numa ligação maliciosa..

  • Deepfakes: A IA pode gerar vídeos ou áudios falsos de pessoas reais, que podem ser utilizados para difundir desinformação ou para efetuar burlas. Por exemplo, um deepfake de um diretor executivo pode ser utilizado para autorizar uma transferência bancária fraudulenta.

Defesa com IA: reforçar a cibersegurança

Esta tecnologia pode ser poderosa na ciberdefesa. As soluções de cibersegurança baseadas em IA são concebidas para detetar, prevenir e mitigar ameaças em tempo real, ultrapassando as limitações dos sistemas tradicionais.

Inteligência artificial defensiva

A inteligência artificial defensiva centra-se na criação de sistemas que aprendem e se adaptam continuamente para proteger redes e dados. Estes sistemas são capazes de detetar anomalias, identificar padrões de ataque e responder automaticamente às ameaças. Além disso, uma das principais vantagens da inteligência artificial é a sua capacidade de evolução, que pode  desenvolver-se ao mesmo ritmo que as ciberameaças, ultrapassando largamente as capacidades de defesa das estratégias tradicionais.

Ferramentas de cibersegurança baseadas em IA

Há uma série de ferramentas de cibersegurança baseadas em IA que revolucionaram o sector. Algumas das mais proeminentes incluem sistemas de deteção e resposta de pontos finais (EDR) que utilizam a aprendizagem automática para identificar comportamentos anómalos e soluções de inteligência contra ameaças que analisam grandes volumes de dados para antecipar potenciais ataques. São também utilizados sistemas de autenticação baseados em IA que melhoram a segurança das palavras-passe e de outros métodos de autenticação.

Casos de utilização: IA ofensiva e defensiva em ação

O confronto entre a IA ofensiva e a IA defensiva é cada vez mais comum no domínio cibernético. Vejamos alguns casos reais em que estas tecnologias foram postas à prova.

Casos reais de ciberataques com IA

A inteligência artificial já foi utilizada em casos de ciberataques e é um problema que só irá aumentar com a aceleração desta tecnologia. Alguns dos casos reais são:

  • Ataque cibernético para enganar os utilizadores do Google Docs:
    Este ataque utilizou a IA para criar e-mails de phishing extremamente personalizados, imitando na perfeição o estilo de escrita de contactos legítimos. Os e-mails direccionavam os utilizadores para sites falsos que imitavam a página de login do Google, onde as credenciais dos utilizadores eram capturadas. A sofisticação do ataque, alimentado por IA, permitiu que muitos utilizadores caíssem na armadilha, comprometendo as suas contas e expondo informações sensíveis.

  • Deteção de malware DeepLocker:
    O DeepLocker é um malware avançado alimentado por IA, concebido para ser ativado apenas em condições específicas, como o reconhecimento facial ou a localização geográfica da vítima. Escondido em aplicações aparentemente inofensivas, o DeepLocker identifica os seus alvos e ativa-se no momento exato, tornando-se praticamente indetetável até ser demasiado tarde. 

Casos reais de ciberdefesa com IA

Muitas empresas já estão a implementar a Inteligência Artificial nas suas estratégias de segurança. Entre elas podemos destacar:

  • BM Watson for Cyber Security: A IBM desenvolveu o sistema Watson, baseado em IA, para ajudar na deteção e resposta a ameaças à segurança. Utilizando técnicas de aprendizagem automática, o Watson analisa grandes volumes de dados, como registos de eventos, relatórios de vulnerabilidades e ameaças conhecidas, para identificar padrões e comportamentos anómalos. Isto permite uma deteção de ameaças mais rápida e precisa e respostas automatizadas para reduzir o risco.

  • Darktrace: A Darktrace utiliza a IA e a aprendizagem automática para defender as redes e os sistemas de uma organização contra as ciberameaças. A sua abordagem baseia-se na auto-aprendizagem, em que o sistema analisa continuamente o tráfego de rede e os comportamentos dos utilizadores para identificar anomalias. O Darktrace pode detetar ataques em tempo real, mesmo os desconhecidos, e tomar medidas para os neutralizar.

 O futuro da cibersegurança: IA versus IA?

Como podemos ver, ambos os aspectos da IA estão a registar um crescimento exponencial. Devido a esta rápida evolução, existe uma forte possibilidade de que a IA se torne a defesa mais eficaz contra as próprias ameaças impulsionadas por esta tecnologia.

Possíveis cenários futuros

Num futuro não muito distante, poderemos assistir a cenários em que a IA ofensiva e defensiva se confrontam em tempo real, com sistemas capazes de aprender e adaptar-se numa questão de segundos. É possível que surjam “combates de IA”, em que os ciberataques e as defesas são lançados e combatidos de forma autónoma, sem intervenção humana. É claro que este cenário representa uma versão exagerada do lado ofensivo e defensivo da Inteligência Artificial, mas sem uma intervenção para regular esta tecnologia, a situação pode surgir. 

Desafios e oportunidades

O principal desafio será manter o controlo sobre estas tecnologias e garantir que as defesas estão sempre um passo à frente dos atacantes. No entanto, existem também enormes oportunidades para melhorar a segurança dos sistemas, automatizar a deteção e a resposta a incidentes e proteger melhor os dados num mundo cada vez mais digital.

Regulamentação e ética na utilização da IA para a cibersegurança

À medida que a IA se posiciona como um pilar fundamental da cibersegurança, a necessidade de uma regulamentação adequada torna-se primordial. Não se trata apenas de maximizar o controlo sobre esta poderosa tecnologia, mas também de garantir que o seu desenvolvimento e aplicação sejam efectuados de forma ética e responsável. Questões como a privacidade e a parcialidade dos algoritmos devem ser abordadas, e devem ser estabelecidos quadros jurídicos sólidos para regular a utilização defensiva e ofensiva da IA.

Em conclusão, a batalha da IA contra a IA na cibersegurança está em pleno andamento. À medida que os cibercriminosos aproveitam as capacidades da inteligência artificial para melhorar os seus ataques, as organizações devem também recorrer à IA para reforçar as suas defesas, uma vez que a IA é capaz de se adaptar e evoluir juntamente com os métodos de ataque, tornando-se uma peça central da estratégia de ciberdefesa.