Quando pensamos na "nuvem" ou no mundo digital, geralmente imaginamos conceitos etéreos, uma rede imaterial de informação a flutuar num espaço virtual. Guardamos fotos, documentos e gerimos negócios inteiros nesta esfera aparentemente intangível, protegida por camadas de software, palavras-passe e firewalls.
No entanto, a realidade é muito mais sólida e contundente. Por trás de cada clique, de cada ficheiro guardado e de cada serviço online, existe uma imensa e robusta infraestrutura física: os centros de dados. Longe de serem meros armazéns de servidores, estas instalações são verdadeiras fortalezas da era digital, concebidas com um nível de engenharia e segurança que rivaliza com as instalações mais críticas do mundo.
Este artigo desvenda cinco dos aspetos mais surpreendentes e contraintuitivos sobre a segurança física destes centros de dados, demonstrando que a proteção dos seus dados começa muito antes da primeira linha de código.
A primeira linha de defesa dos dados não é um software, mas sim o betão e o aço. A própria construção de um centro de dados moderno é projetada para resistir a ameaças físicas e ambientais extremas.
Resistência sísmica e localização estratégica: Um exemplo claro é o centro de dados da ONI em Lisboa. Embora Lisboa seja uma cidade com atividade sísmica reconhecida, a instalação está construída com uma estrutura antissísmica e está estrategicamente localizada numa das zonas de menor risco da cidade, conforme demonstram os mapas oficiais de proteção civil. Adicionalmente, a sua posição está a 11 metros acima do nível do mar, numa área classificada como "moderada" em termos de risco de inundação.
Sistemas de extinção de incêndios avançados: Contam com sistemas avançados de proteção contra incêndios, que não são simples sprinklers de água que danificariam irreparavelmente os equipamentos. Utilizam detetores de última geração e sistemas de extinção que libertam gás HFC-23 a partir de uma bateria de 87 cilindros, sufocando o fogo em segundos sem derramar uma única gota de água que possa danificar a eletrónica.
É um nível de engenharia civil surpreendente, inteiramente dedicado a proteger ativos digitais.
No mundo dos centros de dados, a confiança não se deposita num único sistema, por mais fiável que seja. O conceito-chave é a redundância total, uma filosofia que vai muito além de ter uma simples cópia de segurança. Significa duplicar, ou até triplicar, cada componente crítico para que não exista um único ponto de falha.
Numa era de automação, é fácil pensar que a segurança de um centro de dados é totalmente controlada por algoritmos e inteligência artificial. No entanto, o fator humano continua a ser uma das linhas de defesa mais cruciais e eficazes. Os centros de dados mais seguros contam com pessoal de segurança residente permanentemente, 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Segurança 24/7: A importância desta presença física é incalculável. Como salienta o CISO do Grupo Gigas, Nacho García Egea, "o simples facto de contar com pessoal de segurança in situ 24/7/365 pode ser suficiente para frustrar um ataque antes que ocorra".
Dupla linha de defesa na Oni: O centro de dados - bunker da Oni em Matinha conta com uma dupla linha de defesa humana:
A confiança num centro de dados não se baseia apenas em promessas. Estas instalações operam sob um rigoroso quadro de normativas e padrões internacionais que auditam e validam a sua segurança, fiabilidade e qualidade de operação.
Validação por terceiros: Obter estas certificações não é opcional para os operadores sérios; é a única forma de demonstrar aos seus clientes que os seus processos foram verificados por terceiros independentes.
Certificações do centro Oni:
Talvez o segredo mais bem guardado da indústria seja o seu crescente compromisso com a sustentabilidade. Comumente associados a um consumo energético massivo, os centros de dados modernos estão a liderar uma transição para a eficiência e as fontes renováveis.
Esta aposta não visa apenas minimizar a pegada ecológica, mas é também uma estratégia inteligente a longo prazo. A indústria que impulsiona o futuro digital está consciente de que esse futuro deve ser, acima de tudo, sustentável.
A "nuvem", esse conceito que associamos ao imaterial e ao virtual, tem os seus alicerces firmemente ancorados no mundo físico. Depende de fortalezas de alta tecnologia, concebidas para resistir a desastres, obcecadas com a redundância, vigiadas por profissionais e auditadas sob os mais rigorosos padrões internacionais. E, cada vez mais, impulsionadas por um compromisso real com a sustentabilidade.
Da próxima vez que guardar um ficheiro na nuvem, pensará na fortaleza física que o custodia e na complexa rede de pessoas e tecnologia que o mantém a salvo?